quarta-feira, 6 de maio de 2009

"O tempo passa como um rato pela sala"


Essa é uma das frases que nos pega de açoite no filme Juventude de Domingos de Oliveira, exibido no 4º Cineport que está acontecendo em João Pessoa até o dia 10 de maio.
O filme conta a vida de três amigos que estão na terceira idade, mas que se conheceram na escola, quando foram selecionados para a encenação de A ceia dos Cardeais, texto teatral português. Até aí tudo bem, nada demais, não é mesmo? O problema é quando esses três se reencontram e passam a rememorar suas vidas, desde que se conheceram. Aí é onde mora o perigo... essas memórias, parecem, em príncipio engraçadas, e é mesmo, todavia, essas são memórias de homens que já estão com mais de 60 anos, e, que de muitas formas, não realizaram a contento todas as coisas que queriam ao longo da vida, inclusive, submeteram-se a coisas que não queriam, mas as circustâncias, os levaram a tomarem caminhos que não eram os pretendidos... Talvez, a minha surpresa enquanto espectadora do filme foi exatemente olhar nos olhos da tragédia, por antecipação: aqueles três são exatamente o que a maioria de nós seremos um dia: velhos, com memórias um tanto quanto conturbadas e problemas reais, leia-se o caso de um deles que tem uma filha viciada em heroína...
O filme é todo feito em um clima, poderíamos arriscar dizer, documental, por dois motivos que se sobressaem na diegese, quais sejam: o filme todo feito em digital, por ser de baixo orçamento, mas que faz toda a diferença na narrativa, pois nos leva o tempo todo a pensar que é um grande making off de algo que virá e a própria câmera que aparece na sala quando eles conversam e gravam o que dizem. Enfim, aqueles que tiverem oportunidade vejam ao filme: uma comédia sobre amizade e perplexidade!
Aviso aos navegantes: esse filme só demonstra que fazer cinema- uma concepção que acredito demais, ainda é ideia ( salve Glauber Rocha!!!) - o tempo todo nos é jogado na cara que o filme é BO ( baixo orçamento), composição de um modo geral, com algumas irregularidades, e algo de improvisação, todavia emociona demais o ser humano, afinal, também não é para isso que pagamos ingressos caríssimos? Se arte tem função, esse filme a exerce muito bem! EMOCIONA.

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